segunda-feira, 7 de maio de 2012

MINHAS FILHAS GOSTAM DE LER!

Minhas filhas gostam de ler! É, isso realmente é uma exclamação. Não só pelo fato de elas gostarem de ler, mas somando-se a isso, pela triste realidade brasileira onde encontramos um dos menores índices de leitores entre as grandes nações. Quando entramos em salas de aulas e encontramos alunos totalmente desinteressados pelos estudos, alunos estes que lêem apenas quando confrontados com tarefas e trabalhos escolares que podem lhes custar uma nota mediana, suficiente para que sejam aprovados.

É gratificante e confortante saber que elas (minhas filhas, de oito e quatro anos de idade) sentem o prazer pela leitura. Gostam de folhear revistas e livros. Gostam de passar algum tempo de seus dias com os livros e que nos chamam para dizer o quanto gostaram de ler esta ou aquela estória.

É uma exclamação de alegria ao lembrar que, quando incentivando alunos de sétima e oitava séries a participar de um concurso interno de redação e estes perguntaram qual seria o prêmio, ouvimos um grande “ahhhhhhh” de tristeza, ao saberem que os primeiros prêmios seriam livros. “Mas livro não é premio”, disse-me um dos alunos.

Vivemos uma época em que as crianças e adolescentes não sentem qualquer prazer em freqüentar as escolas. Estas, por sua vez, se tornaram um lugar antipático, sem estímulos aos alunos e, em muitas ocasiões, “um mal necessário”, conforme afirmação de outro aluno, quando solicitado a responder à pergunta: O que é a escola para vocês, na era do mundo globalizado?
Professores, também desestimulados por políticas educacionais (des)educadoras, baixos salários, e nenhum suporte para a melhoria profissional não conseguem ou não querem fazer muita coisa.

Cyana leahy-Dios, em seu estudo Língua e Literatura – Uma Questão de Educação, ilustra esta necessidade quando coloca que: “Isso acontece por não terem (os professores) sido educados a associar o efeito à causa, o objeto ao seu sentido, a reflexão à experiência, de forma que são capazes de identificar o que ocorre, mas não como, onde e, muito menos, o porquê dos fatos. Há apenas a revolta, a indignação, mas não há o questionamento fundamentado, a revolução inteligente, a saída, porque não se sabe, nem foi ensinado, nem se decorou como se faz para agir e pensar para transformar toda uma sociedade que é treinada e condicionada, diariamente, a repetir”.

Há de se saber quem somos, o que queremos, o que podemos e o que nos falta, para podermos orientar melhor nossos alunos e tentar fazer, pelo menos de nossa parte, com que a escola se torne – ou volte a se tornar – um local sadio e prazeroso para nossas crianças.

Não quero aqui lastimar a falta disso ou daquilo. O objetivo deste texto não é a critica. Apenas a externalização de um sentimento que agrada a qualquer pai: Convidar aos filhos para ir à uma livraria e receber uma resposta positiva, com exclamações de alegria. É ver que a criança procura, prazerosa, entre vários títulos, abrindo, folheando, analisando e, por fim, escolhendo um material de qualidade. Parabéns, Ruth Rocha! Você consegue fazer um material de gente grande para gente pequena. Parabéns ao poeta paraibano de alma portovelhense, o professor Carlos Moreira, que consegue estimular e despertar o gosto pela literatura em adolescentes do ensino fundamental e médio. A literatura, cada vez mais distante da sociedade atual, ganha vida e renasce nos jovens alunos do Moreira.

É lógico que há tantos outros exemplos de bons resultados que deveriam ser noticiados.

Ao contrário do projeto estadual que quer eleger os professores destaques em Rondônia, o que está infelizmente contribuindo para a disputa e para a inveja entre diversos professores em várias escolas, acho que todos os professores são destaques. A verdadeira homenagem aos professores, ensejando a proximidade do Dia do Mestre, seria oferecer melhores condições de trabalho, aperfeiçoamento e, acima de tudo, mais respeito à classe, tão maltratada e menosprezada em nosso Estado.

Voltando a tentar cumprir minha promessa de não fazer críticas neste momento, volto a exclamar a alegria de ver crianças leitoras dentro de minha casa. Só quem gosta e sabe a real importância do ato de ler, rememorando o maior dos educadores brasileiros, Paulo Freire, sabe a alegria de perceber isso: Minhas filhas gostam de ler!