segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Com casca ou sem casca.

Com casca ou sem casca
Salgado, quentinho, cheiroso
No velho trem da Central
O amendoim era mais gostoso
Com casca ou sem casca
Que saudade que isso traz
Do trem da Central do Brasil
Dos tempos que não voltam mais

Gilete aço inoxidável

Cotonete, pente fino
Espelho e cortador de unha
Ai meus tempos de menino

Bala, chiclete, paçoca,

Grampo, creme rinse , blondor e henê
No calor, Picolé do China
Vários sabores prá você

Bananada, refresco, cerveja

Salgadinhos de montão
A pipoca Do saquinho rosa
Era igual filé mignon

Biscoito Globo, salgado e doce

Avental, sandália e tamanco
E a rapa do juá
Prá curar pano preto e pano branco

Entre uma estação e outra

Quando a coisa enguiçava
Era um calor desgraçado
O ponteiro nunca girava

Prá matar aquele tempo

Dominó, sueca e purrinha
Se o bicho não funcionasse
A gente pulava e andava na linha

Saltar muro, dar calote

Pular plataforma aqui e ali
Não importa onde fosse
Santa Cruz, Gramacho ou Japeri

E o trem das cinco ou seis

Que era cheio prá chuchu
Quanta gente já morreu
Surfando nas ondas da CBTU

Quanta coisa se vendia

Se comprava naquele trem
Naftalina, anil, ratoeira
Até talquinho de neném

Algodão doce, maçã do amor

E o velho pastel da central
Que sempre fez sucesso
Desde o Cruzeiro, até o Real

Mas os reis, malabaristas

Mesmo com toda aquela gente
Andavam, vendiam, gritavam
Cuidado, meu povo, que a lata tá quente

Mas os reis, malabaristas

Mesmo com toda aquela gente
Andavam, vendiam, gritavam
Cuidado, meu povo, que a lata tá quente

Com casca ou sem casca

Salgado, quentinho, cheiroso
No velho trem da Central
O amendoim era mais saboroso
Com casca ou sem casca
Que saudade que isso traz
Do trem da Central do Brasil
Dos tempos que não voltam mais